Fúlgidos acasos
Fúlgidos acasos
Lá estava ela calma e distante
arrancando o mar dos olhos
abrindo o instante tempo cego
que não fora vivido por inteiro
Lá estava ela lendo velhas cartas
ocultas palavras trocadas a dois
mãos que fingiam não terem tecido
o breve gesto feito de cenas de amor
Lá estava ela em seu recluso andor
preenchido por sorrisos frouchos
e ressentimentos
corpo domado em pensamentos
da mesma saudade de antigamente
Lá estava ela sem contentamentos
brincando de iludir sonhos
aguardando a chuva vir regar a flor
entre retratos amarelados
sobraram poucos que valessem essa dor
Adriane Lima
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