Estou aqui sem sono, sem lugar, incomodada, e não resolvo. Até porque, eu não sei qual é o problema, a inquietação. Uma falta de lugar, uma vontade de sumir, de sair correndo até não agüentar mais.
Como se o cansaço fosse consumir toda a exaustão da minha alma fatigada, e aí sim, conseguiria pelo menos esquecer a aflição por alguns momentos. Até acordar e dar de cara com ela: a Tortura.
Como pode ela me fazer que me sinta culpada pelos outros, pelas atitudes que não foram minhas, palavras que não são minhas? Ela me faz sentir uma total ameaça ao mundo. Logo eu, que não sou nada tão importante assim. 
E assim vou levando, como se todos olhassem para mim e apontassem: “ Olha lá ! É ela!”. 


Só vou dizer uma coisa: não agüento mais isso não. Não tenho culpa de nada, não fiz nada, também não sou vítima. Mas do jeito que está, vou acabar acreditando na mentira. Não sei como sair disso não.

É difícil! Acha que é fácil tentar dormir com insônia? Tentar se acalmar quando se está com uma raiva que surge do nada?  Tirar essa ansiedade do peito que um dia ainda irá consumir meu coração?
Não é não. Já procurei ajuda. Estou com apoio, mas me sinto em uma corda bamba. Para lá, e para cá, atravessando a mesma  numa ventania, melhor em uma tempestade de dar medo. Vou cair. Ah não vou não. Lá vou eu de novo: e caio! Levanto, mal subo na corda: kabrum, tiirrrk, trovão, raios, agora não tem jeito, vou cair mais ainda.

Abro os olhos, estou lá, em cima da corda, molhada da chuva, tremendo de frio, medo, culpa, dor, tristeza, raiva, ansiedade, mas ainda estou lá em pé. Como? Sei não. Sei não mesmo!
Na verdade quero atravessar logo, porque outro caminho não tem. É só a corda bamba mesmo.




“Diacho de vida essa”, diria alguém. Pois, “tô” dizendo: a coisa tá russa!
Nem sei mais o que estou falando. Podem pensar que pirei de vez da cabeça. Não tenho solução. Mas a luz lá no fim do túnel apareceu. Bem fraquinha é verdade! Mas apareceu. Minha esperança é de que ela não se apague, porque procurar de novo, esta bendita Luz, dá trabalho.
E olha que no meio desse cansaço todo, dessa insônia que não me larga, enxergar e manter os olhos na direção da luz, não está sendo fácil não. Apesar dos olhos bem abertos, a vontade de pular lá embaixo e desistir é enorme. Mas algo, que eu também não sei informar o que é, deixa minhas pernas e pés paralisados aqui.
Bem, já que estou estacada, petrificada, imóvel, vou ficar por aqui.  

O texto é de minha autoria. Por favor repassar os créditos.Renata Mesquita.