Sinto-me ainda presa ao passado. Um passado recente, mas que deixou marcas profundas em mim. Na minha mente, no meu jeito de ser, de falar, de compreender os outros, de viver, até mesmo de desabafar.
Cada palavra que ouço chega até mim como uma ordem, as vezes como uma correção, esperando respostas , explicações sobre meus atos e até mesmo sobre os meus pensamentos. Eu mesma me persigo e me corrijo como se fosse uma fugitiva e ao mesmo tempo uma ré em liberdade condicional prestando contas sobre o meu dia.
 Parece inacreditável que já tenha se passado um ano dos acontecimentos. Para mim foi ontem, ou pior hoje cedo. Já é noite, e me sinto incomodada, querendo que o sono venha logo, mas não quer que a manha chegue logo. Quero atravessá-la como se não existisse. Quero ver que já passou o meio-dia para poder ter um pouco de tranqüilidade, que não dura nada. Pois as cinco horas já me vejo no desespero de chegar a  hora de dormir.
E tem sido assim desde 2007. Ano de 2008 : o Caos! Dia após dia, noite após noite, minuto após minuto. Fugindo sempre, tentando encontrar refúgio, que não encontro. Pois é minha alma que clama por socorro. Foi aprisionada e agora livre não sabe viver. Aliás, não sabe nem o significado de viver, pois não se sente viva.
Sinto-me tragada pelo mundo, afogada pelas palavras que nascem em minha mente, segundo a segundo, sem pausa alguma sequer... Preciso respirar e não vejo brechas.
Já foi pior. Já foi escuridão total, nem respirava, estava morta por dentro. Apenas alguns pontos dentro de mim reclamavam por oxigênio. Por isso estou aqui, nada, além disso.
Não me compreendo mais, não sei quem sou, do que gosto, do que quero.....nada. Um vazio completo.
Mas não me entrego assim tão, fácil. Algo me cutuca, espeta-me, incomoda-me. Quer saber o porquê de tudo isso, como aconteceu, aonde começou??????? Isto é que me mantém aqui.
A dor me mantém aqui. Uma dor intensa, crônica, chata e enjoada. Associada a uma solidão, um desalento, uma falta de lugar, um choro sem lágrimas ininterrupto. Incrível mas é assim que estou.
Os pequenos e rápidos momentos de alegria que consigo guardar são preciosos. Pois participar vividamente deles ainda não consigo. Horas depois de acontecido é que vejo que foi bom, foi ótimo, mas não consegui tomar parte  da ocasião.
Se eu vou conseguir voltar ao ponto de saber quem eu sou, pra onde vou, o que quero, não sei. O que sinto agora é: como posso ficar dessa maneira, tão impotente, tão sem ação diante de coisas simples, como acordar, sair da cama, levantar, comer, lavar o rosto, escovar os dentes............. como ?


Minha autoria.

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