Fechei-me no quarto! Sentia-me impróprio para estar junto de alguém. De outros planetas surgiam íntimos sinais sonoros na minha cabeça como um chamamento…
Apaguei a luz para poder sentir-me, para sentir que era o Eu que ali estava destroçado e sem identidade, pois não acreditava no corpo que vestia a presença.
Andei horas perdido. Cometi algumas loucuras em prol do desejo escondido e assim contido. Libertei-me de preconceitos e de protocolos sociais e o meu Eu rebelde espalhou-se por aquele quarto.
Se a luz nascesse naquele momento, encontraria um quarto dizimado e algo que pairava em círculos ondulantes…
Perdi a noção do tempo e das viagens que fiz aos subúrbios do meu Ser. Perdi a reminiscência desses passos…
Lentamente senti-me regressar. Lembro-me de os meus olhos procurarem o interruptor para a minha intenção dar luz ao novo ou renovado Eu.
Acendi a luz! Senti-me leve. Os sinais sonoros que por muito intimistas soaram-me a aplausos…
Abri a porta do quarto. Abri a porta do mundo. Senti-me voltar, num regresso aprovado.
Ainda sussurrei… quem és tu afinal?
Autor : Paulo Afonso Ramos
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